por Paulino Jr.
As visões de perseguição relatadas nos capítulos 12 e 13 dão espaço agora para uma visão da glória.
O Cordeiro e os seus remidos no Monte Sião
1 Olhei, e eis o Cordeiro em pé sobre o monte Sião, e com ele cento e quarenta e quatro mil, tendo na fronte escrito o seu nome e o nome de seu Pai.
2 Ouvi uma voz do céu como voz de muitas águas, como voz de grande trovão; também a voz que ouvi era como de harpistas quando tangem a sua harpa.
3 Entoavam novo cântico diante do trono, diante dos quatro seres viventes e dos anciãos. E ninguém pôde aprender o cântico, senão os cento e quarenta e quatro mil que foram comprados da terra.
4 São estes os que não se macularam com mulheres, porque são castos. São eles os seguidores do Cordeiro por onde quer que vá. São os que foram redimidos dentre os homens, primícias para Deus e para o Cordeiro;
5 e não se achou mentira na sua boca; não têm mácula.
João relata que pode ver o Cordeiro (Cristo) e os cento e quarenta e quatro mil selados. Esses cento e quarenta e quatro mil, são os mesmos que nós estudamos no capítulo 7 do livro de Apocalipse, são aqueles que foram selados com o selo do cordeiro em sua fronte, para que não fossem atingidos pelos acontecimentos que estavam por vir. O monte Sião em Israel era o centro do poder, onde ficava o rei de Israel, sendo assim, é essa referência ao monte não é quanto ao lugar físico, mas sim o local de onde Cristo vai reinar com os seus remidos, ou seja, a Sião celestial. Cabe nesse caso, considerar as duas interpretações possíveis para esses cento e quarenta e quatro mil novamente:
Algumas pessoas consideram que os 144 mil, são o número de selados retirados de todo o Israel de Deus na terra como representantes dessas pessoas, sendo que essas pessoas não passarão pelo período restante da ira de Deus. Não parece a interpretação mais aceitável por algumas questões. Para esses que consideram que os selados são os retirados de todo o Israel de Deus, o referido selo seria aquele de Efésios 1:13, o que também não seria aceitável, já que Efésios 1:13 está se referindo ao Espírito Santo, que, pela interpretação que considera que a Igreja será arrebatada antes da grande tribulação, não estaria mais na terra. Para considerar a citada interpretação, de que os 144 mil são um número retirado de todo o Israel de Deus na terra, teríamos que considerar que a igreja do Senhor ainda estaria na terra no período da grande tribulação, interpretação essa que já foi refutada nos capítulos anteriores.
A outra interpretação, essa sim sendo mais aceitável, é de que esses 144 mil, são literalmente 12 mil de cada tribo de Israel, isso se justifica porque são citadas de maneira expressa as doze tribos, quando a bíblia cita o Israel, considerado todos os homens da terra, judeus e gentios, ela fala do Israel de Deus, representando aqueles que são fruto da aliança e aqueles que foram chamados filhos por adoção. Contudo, neste texto, são citados as tribos dos filhos de Israel, numa clara menção aos filhos de Jacó, tendo-os citados literalmente no momento seguinte. É sabido que o povo de Israel será tratado de maneira diferente quando chegar o fim, isso porque eles são os detentores da aliança com Deus e Ele mantêm a sua palavra quanto à eles (Zc. 12: 10-13, Rm. 11: 26-32).
Levando em consideração o que foi dito a respeito dos cento e quarenta e quatro mil, temos ainda a referência a um cântico, que estava sendo entoado por vozes que vinham do céu, e quem pode aprender e entoar esse cântico juntamente com aquelas vozes foram somente os cento e quarenta e quatro mil, trata-se de um cântico de redenção que somente aqueles que foram lavados e remidos podem compreender. Ainda são feitas outras referências com relação a eles, dizendo que eles não se macularam com mulheres porque são castos. Muitas pessoas interpretam isso de maneira literal, dizendo que esses serão pessoas virgens que serão seladas, isso se aplicaria tanto para uma quanto para outra interpretação das citadas acima. A interpretação mais aceitável a esse respeito é de que esses cento e quarenta e quatro mil viveram de modo íntegro, sem se contaminar com as coisas mundanas, isso se justifica porque por várias vezes o mundo é chamado por Deus no decorrer da Bíblia como sendo meretriz ou meretrizes, sendo assim eles são castos, porque não se contaminaram com os desejos carnais do mundo, não necessariamente do ponto de vista sexual.
A primeira voz
6 Vi outro anjo voando pelo meio do céu, tendo um evangelho eterno para pregar aos que se assentam sobre a terra, e a cada nação, e tribo, e língua, e povo,
7 dizendo, em grande voz: Temei a Deus e dai-lhe glória, pois é chegada a hora do seu juízo; e adorai aquele que fez o céu, e a terra, e o mar, e as fontes das águas.
A antiga aliança, feita entre Deus e o povo de Israel no Egito era provisória, a aliança firmada com o plano de salvação através de Cristo, contudo, é eterna, começou antes da fundação do mundo, e será proferida a todas as nações até o fim do tempo e a partir daí pela eternidade. O significado original da palavra eterno aí é sem começo ou sem fim, ou seja, todas as coisas se iniciam e tem fim a partir desse evangelho, tudo passa, ele não. Além de anunciar o evangelho que deve ser levado a toda língua, povo, raça e nação, o anjo exorta sobre a chegada do juízo de Deus, o momento em que ele irá julgar as nações e que toda a terra deverá confessá-lo como Senhor.
A segunda voz
8 Seguiu-se outro anjo, o segundo, dizendo: Caiu, caiu a grande Babilônia que tem dado a beber a todas as nações do vinho da fúria da sua prostituição.
Sempre que a bíblia refere-se à Babilônia, é em sentido ruim, no antigo testamento a Babilônia era lugar de prostituição, imoralidade, idolatria e ocultismo. A Babilônia no texto do cap. 8 é o próprio mundo, com toda as sua sujeira e em toda as suas gerações, que será julgado e beberá do vinho da fúria de sua prostituição, ou seja, o que a terra e seus moradores vão receber de castigo ao fim dos tempos é a paga pelo seu próprio pecado.
A terceira voz
9 Seguiu-se a estes outro anjo, o terceiro, dizendo, em grande voz: Se alguém adora a besta e a sua imagem e recebe a sua marca na fronte ou sobre a mão,
10 também esse beberá do vinho da cólera de Deus, preparado, sem mistura, do cálice da sua ira, e será atormentado com fogo e enxofre, diante dos santos anjos e na presença do Cordeiro.
11 A fumaça do seu tormento sobe pelos séculos dos séculos, e não têm descanso algum, nem de dia nem de noite, os adoradores da besta e da sua imagem e quem quer que receba a marca do seu nome.
12 Aqui está a perseverança dos santos, os que guardam os mandamentos de Deus e a fé em Jesus.
Além da citação feita pelo segundo anjo à Babilônia, que representa o mundo. O terceiro anjo, por sua vez, afirma que aqueles que servirem a besta, ou seja, aqueles que nós estudamos no capítulo 13, que aceitaram a marca da besta na fronte ou na mão, também receberão a ira de Deus, diz-se que eles serão envergonhados e atormentados na presença dos anjos e do Cordeiro, que é Cristo. A tormenta daqueles que aceitarem a marca de Satanás será eterna, indo pelo séculos dos séculos, durante todo o tempo, a todos aqueles que adoraram a besta e a sua imagem. Por fim, o anjo deixa claro que isso é a recompensa pela perseverança dos santos e ainda a justiça de Deus sobre aqueles que não o são.
A quarta voz
13 Então, ouvi uma voz do céu, dizendo: Escreve: Bem-aventurados os mortos que, desde agora, morrem no Senhor. Sim, diz o Espírito, para que descansem das suas fadigas, pois as suas obras os acompanham.
Para esse versículo existem duas interpretações para esse texto, de um lado existem os que acreditam que o descanso referido nesse texto seria uma antítese, ou seja, uma idéia contrária ao tormento sofrido por aqueles a quem os vers. 9-12 se referem. Nesse caso, o descanso se referiria à vida no céu, onde não mais haveria dor ou tormento.
Outra interpretação muito difundida diz que “desde agora” seria uma referência àquele momento em que João estava vivendo, ou seja, pouco tempo depois da morte e ressurreição de Cristo. Segundo os que interpretam dessa forma, aqueles cristãos que morrem são levados para um lugar, um paraíso, onde estarão descansado, ou seja, vivendo em uma situação plena, até que chegue o dia do julgamento, o momento em que os mortos ressuscitarão para serem condenados ou absorvidos. Note-se que em hipótese alguma consideramos com base na bíblia que aqueles que morrem ficarão do dormindo, ou purgando os seus pecados.
A ceifa
14 Olhei, e eis uma nuvem branca, e sentado sobre a nuvem um semelhante a filho de homem, tendo na cabeça uma coroa de ouro e na mão uma foice afiada.
15 Outro anjo saiu do santuário, gritando em grande voz para aquele que se achava sentado sobre a nuvem: Toma a tua foice e ceifa, pois chegou a hora de ceifar, visto que a seara da terra já amadureceu!
16 E aquele que estava sentado sobre a nuvem passou a sua foice sobre a terra, e a terra foi ceifada.
A vindima
17 Então, saiu do santuário, que se encontra no céu, outro anjo, tendo ele mesmo também uma foice afiada.
18 Saiu ainda do altar outro anjo, aquele que tem autoridade sobre o fogo, e falou em grande voz ao que tinha a foice afiada, dizendo: Toma a tua foice afiada e ajunta os cachos da videira da terra, porquanto as suas uvas estão amadurecidas!
19 Então, o anjo passou a sua foice na terra, e vindimou a videira da terra, e lançou-a no grande lagar da cólera de Deus.
20 E o lagar foi pisado fora da cidade, e correu sangue do lagar até aos freios dos cavalos, numa extensão de mil e seiscentos estádios.
Esses dois momentos do texto de Apocalipse podem ser estudados juntos porque guardam conexão entre si. Num primeiro momento, vemos aquele semelhante ao filho do homem ceifando a terra. Ceifa tem o significado de colher, ou seja, trazer para si, então vemos Cristo, trazendo para si aqueles que são seus, aqueles que estão amadurecidos.
O segundo termo usado é vindima, vindimar é o ato de recolher, mas, nesse caso, não é no sentido de colher para si necessariamente, mas sim no sentido de recolher para lançar fora.
Vemos nesse momento final do capítulo 14, uma clara referência à parábola do joio e do trigo, após o amadurecimento de ambos, o trigo será colhido e levado para os celeiros e o joio será vindimado, ou recolhido e queimado.
Por fim, vemos que a cólera de Deus ainda não se encerrou, ela ainda continuará sendo lançada sobre a terra, situação que será vista com os sete flagelos dos capítulos seguintes.
Paz e Vida a todos, que Deus os abençoe!
Fonte: Bíblia Sagrada (Revista e Atualizada)
Referência: Bíblia de Estudo Plenitude